sábado, 5 de janeiro de 2008

A culpa

Por que será que sempre tentamos achar algum culpado quando algo dá errado? Indo mais além, por que culpar alguém ou algo? São perguntas aparentemente complexas, mas que tem uma explicação, até certo ponto simples.

Para tornar a discussão mais viável, optamos por delimitar o sentido da palavra culpa como consciência mais ou menos penosa de ter descumprido uma norma social e/ou um compromisso (afetivo, moral, institucional) assumido livremente (Houaiss). O “livremente” aqui abre a possibilidade de encararmos a culpa de maneira bastante subjetiva.

Temos que ressaltar aqui que a culpa é fruto da moral cristã e que na antiguidade grega, a mais ou menos quinhentos anos antes de Cristo, esse sentimento não existia, e a própria palavra era desconhecida. A palavra erro seria bem mais adequada para a cultura grega. Palavra essa que está ligada a uma ação de caráter excessivo, que gera uma situação difícil, seria a desmedida, a hybris. O erro é um peso para toda a comunidade e não para um único indivíduo, é o débito comunitário. Nessa época, a noção de interioridade e indivíduo encontra-se ainda em formação, dando os seus primeiros passos. O que descarta toda a possibilidade de culpa individual e de penitência. O mais interessante dessa cultura nesse aspecto, é que justamente a hybris, a desmedida - que para nós, filhos do cristianismo é algo reprovável - encontra-se presente em todos os heróis trágicos, sendo essa característica que os diferencia dos "não-heróis".

Após essa pequena explicação histórica, que foi apresentada com a intenção de esclarecer a origem e a diferença entre os gregos e os cristãos, mostrando que a culpa não é um conceito conhecido em todas as sociedades, e que a mesma não é inata ao ser humano, transportaremos a discussão para a atualidade, buscando uma análise atual sobre a função da culpa em nossa sociedade e o elogio a desmedida como arma para combater esse problema.



(texto inacabado feito no final de 2005)

Um comentário:

Poeta impar disse...

"substantivos"

Faca é faca
Pão é pão
Fome é fome.

Estranho desígnio das coisas
de serem exatamente elas
quando as olhamos sem paixão.

tenussi cardoso.

os comentários fora dos textos foram semi-intencionais.
mas fica a sugestão de alguns textos sobre paixão, desde a concepção clássica até as mais radicais.

valeu fofinho da mamãe e dos brodi tb!