Para tornar a discussão mais viável, optamos por delimitar o sentido da palavra culpa como consciência mais ou menos penosa de ter descumprido uma norma social e/ou um compromisso (afetivo, moral, institucional) assumido livremente (Houaiss). O “livremente” aqui abre a possibilidade de encararmos a culpa de maneira bastante subjetiva.
Temos que ressaltar aqui que a culpa é fruto da moral cristã e que na antiguidade grega, a mais ou menos quinhentos anos antes de Cristo, esse sentimento não existia, e a própria palavra era desconhecida. A palavra erro seria bem mais adequada para a cultura grega. Palavra essa que está ligada a uma ação de caráter excessivo, que gera uma situação difícil, seria a desmedida, a hybris. O erro é um peso para toda a comunidade e não para um único indivíduo, é o débito comunitário. Nessa época, a noção de interioridade e indivíduo encontra-se ainda em formação, dando os seus primeiros passos. O que descarta toda a possibilidade de culpa individual e de penitência. O mais interessante dessa cultura nesse aspecto, é que justamente a hybris, a desmedida - que para nós, filhos do cristianismo é algo reprovável - encontra-se presente em todos os heróis trágicos, sendo essa característica que os diferencia dos "não-heróis".
Após essa pequena explicação histórica, que foi apresentada com a intenção de esclarecer a origem e a diferença entre os gregos e os cristãos, mostrando que a culpa não é um conceito conhecido em todas as sociedades, e que a mesma não é inata ao ser humano, transportaremos a discussão para a atualidade, buscando uma análise atual sobre a função da culpa em nossa sociedade e o elogio a desmedida como arma para combater esse problema.
(texto inacabado feito no final de 2005)
Um comentário:
"substantivos"
Faca é faca
Pão é pão
Fome é fome.
Estranho desígnio das coisas
de serem exatamente elas
quando as olhamos sem paixão.
tenussi cardoso.
os comentários fora dos textos foram semi-intencionais.
mas fica a sugestão de alguns textos sobre paixão, desde a concepção clássica até as mais radicais.
valeu fofinho da mamãe e dos brodi tb!
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