sábado, 5 de janeiro de 2008

1 – Racionalidade e Modernidade – Uma visão Nitzscheana

(Primeira avaliação da UFS - 2005, sociologia 1 tema: racionalidade)

Nietzsche (1844-1900) acreditava numa filosofia que fosse expressão das vivências genuínas e pessoais, vendo na experiência estética uma espécie de êxtase e redenção, é, por isso mesmo, considerado um precursor da crítica a um tipo de racionalidade meramente técnica, fria e planificadora.

A valorização da razão e da lógica surge desde a Grécia arcaica, com a escola socrática. Sócrates e seus contemporâneos, segundo Nietzsche, não estariam mais à altura da experiência trágica do mundo, não conseguindo suportar o racionalmente incompreensível – o absurdo da existência.

Com isso, Sócrates, lança suas criticas aos poetas trágicos e suas obras, por não conterem conteúdo que possa ser capturado pelo pensamento racional. Para o pensador alemão, as artes trágicas não deveriam se submeter a esse método racional ao qual Sócrates as propõem. Um bom exemplo é o mito de Sileno, em que ele diz: “melhor é não ter nascido, já que nascemos é melhor deixarmos de existir o mais rápido possível”. O resultado dessa afirmação nos gregos é o oposto do que é dito. Com essa trágica concepção de vida, o mito de Sileno desperta nos gregos o a vontade de viver, e que melhor é ter nascido.

O pensador alemão faz uma análise histórica do processo de racionalização da modernidade, e para ele, não resta dúvida de que, herdeira dos progressos do iluminismo, a modernidade julga-se libertada da ignorância e da superstição. Confiante nas possibilidades produzidas pela indústria da ciência e da técnica, o homem moderno acredita está certo de poder descobrir todos os segredos do universo e construir uma nova sociedade, menos opressiva e violenta. Percebe ainda, que a modernidade deposita toda sua esperança na onipotência do conhecimento científico, no valor absoluto da verdade a qualquer preço - sendo essa verdade, alcançada pela razão. Com isso cria-se um novo Deus onipotente – o Deus Logos (a razão).

Contra esses deuses criados pela humanidade, Nietzsche expõe uma de suas frases mais famosas, “Deus está morto”. “O homem se descobre assassino de Deus, e quer assumir e carregar este novo peso. Quer a consciência lógica dessa morte: torna-se ele o próprio Deus” (Deleuze).

Nietzsche defende que o essencial em nossa existência permanece envolto num mistério impenetrável a qualquer explicação racional.

Em seu livro Gaia Ciência (1882), Nietzsche expõe uma nova forma de racionalidade, a ciência alegre (“gaia”). Essa nova visão da ciência permite a mesma, um “luxo intelectual de percorrer, com graça e leveza, os caminhos mais pedregosos, levar sobre os ombros os mais penosos fardos de nossa tradição, sem negatividade ou rancor, esforçando-se por multiplicar as perspectivas, para poder compor uma imagem mais plena das coisas, embora nunca total”(Oswaldo Giacoia).

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